a mão e o peão.

Thursday, June 28, 2007

a sereia

sophia - arpad szenes

Tuesday, June 26, 2007

número 153

"be my friend
hold me... wrap me up
unfold me
i am small
and needy
warm me up
and breathe me..."

Thursday, June 21, 2007

quarto

quando o afecto te enche o peito é quando sabes e sentes, mais pregnantemente, que este mundo de grafemas foi construído por cima do outro, do pulsar emotivo que nos rege. e deixou pontas soltas, como cobertor insuficiente que, à falta de transcrição possível (de uma linguagem na outra) incha, infla e, de novo, se abate. sabes que há coisas que, muito simplesmente (e devemos admiti-lo com humildade), são intransponíveis, intraduzíveis (indizíveis?). e não falo, como apressadamente se julgue, de fraquezas ou ódios que, por vergonha ou esforço de conservação, todos ocultamos; falo, sim, de quando estamos plenos, de quando espasmos de luz nos saem pelos poros, pelos buracos do corpo, de quando tudo o que sentimos é amor, amor por nós e, consequentemente, amor pelos outros, amor pelas coisas. é nestas alturas, sabe-lo bem, que a manta mais infla, mais irradia, mais se expande, naquelas em que o estado de fusão com o belo e o bom são, mesmo, grandes demais. e para esses, de facto, não há palavras.
esporadicamente, acontece isso ao meu quarto - é neste espaço que mais me exponho (a mim próprio e esta é das exposições mais difíceis) e mais me dou. é no meu quarto que teço, em alegres pulos mentais, quase pueris, a rede que se foi construindo, que eu fui construindo, desde que me tenho como gente. é nele que equaciono tudo o que de bom me têm dado aqueles que dela têm vindo (e, às vezes, deixado) a fazer parte. é nele que penso, depois sinto e, finalmente, sei, a sorte, a exuberante sorte, de conhecer quem conheço, de aprender com quem aprendo, de amar quem amo e de ser amado por quem sou. nada disto deverá ser tomado como uma tentativa de demarcação de uma excepção. eu canto a minha sorte. num só sorriso, canto a minha sorte. quando sinto o aperto cálido de um apoio bem simples, canto a minha sorte. quando grito e caio em absoluta confiança, canto a minha sorte. quando me dou e sou recebido, canto a minha sorte. quando o interesse de alguém me envolve e me transcende e me alegra indescritivelmente, eu canto a minha sorte.
vós, cantai a vossa. e cá estarei para a ouvir.

5

pois bem, caro max, aceito com natural displicência (e algum entusiasmo, vá) a sua réplica de escolher 5 livros que me sejam, particularmente, caros - qualquer tarefa que me propusesses, neste momento, seria aceite (qualquer coisa para parar de estudar uns minutos), nem que fosse escolher as 5 sandálias mais bonitas da jessica simpson - e olha que há poucas coisas no mundo de que eu goste menos do que dela!
MEMORIAL DO CONVENTO, josé saramago
DESGRAÇA, j.m. coetzee
UMA CASA NO FIM DO MUNDO, michael cunningham
O GRANDE GATSBY, f. scott fitzgerald
O SENHOR DOS ANÉIS, j.r.r. tolkien
falta a sophia, o garcía-marquez, o jorge amado, o camus e o henry james mas até nem está mal.
grande abraço, max!

solstício

hoje, começa o verão.
algumas pessoas decidem iniciar uma dieta.
outras, vão até à praia.
há aquelas que ficam em casa a estudar para os exames.
ainda, as que fazem amor o dia todo, em tom de elegia ao estio.
eu decidi criar um novo blog - um meloblog.
para partilhar «pedacinhos de alma» (sic) através da música.
aceitam-se sugestões, descobertas, partilhas íntimas e outras veleidades.
http://www.musicismy.blogspot.com/
let the show begin.

to make a caught

parece um sonho irrealizável (e, de facto, lá irrealizável é, porque não há dinheiro para tudo) mas iremos ser invadidos, muito em breve, pelo melhor da música que há no mundo. e, como sempre, o vosso fiel servidor, tirou um tempinho ao seu mui atribulado período de estudos para fazer um apanhado dos belos concertos que por aí haverá, para os mais distraídos. catch up, guys!
aimee mann - 25 de julho, 21h00, coliseu de lisboa.
norah jones - 22 de julho, jardins do casino do estoril.
gotan project - 2 de julho, 22h, jardins do palácio do marquês do pombal, oeiras.
mariza e amigos (rui veloso, carlos do carmo e tito paris) - 8 de julho, jardim do cerco, mafra.
nouvelle vague - 15 de julho, casa da pesca, oeiras.
jay jay johanson - 21 de junho, 21h00, grande auditótio do ccb, lisboa.
air - 12 de julho, coliseu dos recreios, lisboa (festival dance station).
klaxons, bloc party, arcade fire - 3 de julho, parque tejo, lisboa (festival super bock super rock).
the jesus & mary chain, lcd soundsystem, the rapture, clap your hands say yeah, maxïmo park, linda martini - 4 de julho, parque tejo, lisboa (festival super bock super rock).
scissor sisters, interpol, the gossip, tv on the radio, x-wife, micro audio waves - 5 de julho, parque tejo, lisboa (festival super bock super rock).
editors, i'm from barcelona, ojos de brujo, mayra andrade - 2 de agosto, festival sudoeste.
the cinematics, balla - 3 de agosto, festival sudoeste.
sérgio godinho, koop, patrick wolf - 4 de agosto, festival sudoeste.
mika - 5 de agosto, festival sudoeste.
gogol bordello, architecture in helsinki, new york dolls - 14 de agosto, festival paredes de coura.
sonic youth, cansei de ser sexy - 15 de agosto, festival paredes de coura.
lily allen - 15 de agosto, festival super bock surf festival, sagres.
joão pedro pais e mafalda veiga - 21 de julho, alto da ajuda, lisboa (festival delta tejo) - SE ALGUÉM QUISER AJUDAR-ME A MONTAR UMA BOMBA MESMO DEBAIXO DO PALCO ONDE ELES VÃO TOCAR, ENVIE-ME UM MAIL. BEM-HAJA.

Wednesday, June 20, 2007

she's got soul (and she's got style)

ando viciadíssimo nesta cantora inglesa de apenas (espantem-se) 23 anos! recentemente, ganhou o brit award para best female solo artist! conhecida por retratar, nas suas canções, com crueza e sinceridade os seus desaires amorosos e problemas com álcool e drogas... deliciem-se, folks!

amy winehouse - rehab

Tuesday, June 19, 2007

nostalgia

já sei de cor o aviso no placard do rés-do-chão, ameaçadoramente pedindo aos inquilinos que não façam barulho nas escadas depois das onze da noite (e, de alguma maneira, sinto que o pedido está endereçado, principalmente, a nós, boémios e infames estudantes estrangeiros). já sei de cor o ruído da minha chave com o porta-chaves da nova zelândia, na fechadura da porta do prédio. sei de cor a curva, depois da farmácia, onde fui uma vez pedir xarope para a tosse sem saber como se dizia tosse em espanhol. também sei de cor a padaria onde se vendem barras. sei de cor o botão no elevador, com o algarismo 3 estampado. também sei, como sei, que a porta da nossa casa está mesmo ao lado, é só virar à direita quando sair do ascensor.
sei de cor a cor da blusa da nô, inclinada sobre o balcão da cozinha (à esquerda, assim que se entra), a cortar postas de seitã ou a roubar umas bolachas ao armário. sei de cor o plástico dos chinelos do giorgio que vem, agitado, a compor a melena de cabelo que lhe cai à testa, ver quem chega. sei o tom com que diz hola. sei como se faz o sorriso da nô quando me vê. sei como se cerram os seus olhos quando me beija. sei o caminho para o meu quarto - atravessa-se a sala, entra-se na porta à esquerda, primeira porta à direita (não há que enganar). sei a porta que dá para a varanda, a luz difusa que entra por ela, o cobertor branco e fofo - parece uma nuvem! sei de cor os individuais que pomos na mesa para comer, são azuis e estão sempre gordurosos. sei de cor o comando da televisão que nunca vemos, excepto o giorgio que delira com os simpsons a falar castelhano e com o valentino rossi a dar voltas estúpidas de mota num circuito qualquer. e que teima comigo como é que se chama o circuito português como se ele é que fosse português e falasse português. que teima comigo como é que se diz xarxa, quando eu é que fiz um curso de catalão. que teima comigo quando... enfim!
sei de cor a cor da tijoleira da varanda e a dos cortinados periclitantes que nos protegem de olhares alheios.
sei de cor o poster amarelo da uma thurman com a sua espada e da audrey tautou, numa cama vermelha. até sei de cor as dedicatórias tarantinescas que escrevemos no primeiro. sei de cor os postais na parede (que colei com tanto entusiasmo) e o mapa de barcelona estirado, marcado, remarcado, vivido, sonhado.
sei de cor as cócegas que faço à nô. sei de cor as madrugadas a amanhecer, as canecas de leite e as bolachas maria afogadas nele. sei de cor tudo isso. e, creio, sabê-lo-ei para sempre.

Tuesday, June 12, 2007

sardinhas e manjericos

santo antónio de lisboa (lisboa, 15 de agosto de 1195 - pádua, 13 de junho de 1231), de seu nome de baptismo, fernando martim de bulhões e taveira azevedo, filho de martim de bulhões e maria teresa taveira azevedo. é também conhecido como santo antónio de pádua, por ter vivido e falecido nessa cidade italiana. regra geral, os santos católicos são conhecidos pelo nome da cidade onde falecem e onde permanecem as suas relíquias – pois que, na doutrina cristã, a morte mais não é que a passagem para a verdadeira vida –, e não daquela que os viu nascer; assim sucede com fernando de bulhões, que nas demais línguas europeias é chamado de pádua, e apenas reverenciado pelos povos de língua portuguesa como de lisboa.
santo antónio é o padroeiro da cidade de lisboa e o seu dia, 13 de Junho, é o feriado municipal desta cidade. as festas em honra de santo antónio começam logo na noite do dia 12. todos os anos, a cidade organiza as marchas populares, grande desfile alegórico que desce a avenida da liberdade, no qual competem os diferentes bairros. Um grande fogo de artifício costuma encerrar o desfile. os rapazes compram um mangerico (planta aromática) num pequeno vaso, para oferecer à namorada, o qual traz uma bandeirinha com uma quadra popular, por vezes brejeira ou jocosa. a festa dura toda a noite e, um pouco por toda a lisboa há arraiais, locais engalanados onde se comem sardinhas assadas na brasa, se bebe vinho tinto, se ouve música e se dança até de madrugada, sobretudo no antigo e muito típico bairro de alfama.
santo antónio detém o recorde de canonização da igreja católica: foi declarado santo menos de um ano decorrido sobre a sua morte, em 30 de maio de 1232 (11 meses e 17 dias após a sua morte). é o santo padroeiro das cidades de pádua e de lisboa (nesta última, substituiu a antiga devoção ao mártir são vicente de saragoça). em 1934, o papa pio XI proclamou-o segundo padroeiro de portugal, a par de nossa senhora da conceição. por fim, a 16 de Janeiro de 1946, o papa pio XII juntou o seu nome à lista dos doutores da igreja católica.


in wikipédia
esta noite é a noite dele. pois, que se lhe faça justiça.

Sunday, June 10, 2007

tu

és o meu abrigo, a minha casota reservada, para quando a noite for muito escura e chover tanto.
sem palavras, acolher-me-ás e cantar-me-ás a tua canção.
eu sei-o e sabê-lo-ei sempre.

indizível

fear.
fear felt, as your steps follow one another.
as you think of all it could be, as the statues he’s kept are so frail.
as the promise you’ve whispered, silently, seems so possible.
for the very first time.
fear all around and all within.
as your teeth stretch your smile beyond.
and you can’t feel anything anymore.
when you don’t deserve
and your guilt chokes you in black thick waves.
he reaches you a hand
but his hand is filled with holes
and your fear of sinking
is all around and all within.
teased by the peace of leaving your feet where they are.
sit in the garden bench,
your sunglasses reflecting the pond,
your shattered heart, reflecting the possibilities you have not been capable of living.
you fear you were not faded for love.
(whilst listening to tori amos' «gold dust»)

ode

hoje, sou mais das imagens. o que vejo desta janela, ou daquela, diz-me tudo o que preciso saber. uma pitada de futuro que se sabe, uma voz feita de húmus, enrolada num corpo quente. há olhos claros e prateleiras de supermercado. no remoinho dos teus cabelos, escondem-se veleidades intocadas. ninguém sabe de onde vêm mas vemo-las desaguar na ponta da tua língua, no ocaso dos teus dedos em nós. sim, hoje, sou mais das imagens. e dos sons. as palavras repugnam-me quando são tão insuficientes que se tornam iníquas. duas fotografias de lisboa, em rotação pelas horas do dia, pelas pedras do castelo e pelas árvores do torel. nunca desejei tanto voar.

Thursday, June 07, 2007

recantos

recantos em mim.
recantos em ti.
e, de repente, num acesso do acaso.
recantos descobertos, expostos e tomados.
pelo jardim,
a correr descalço,
perco os medos e algumas moedas.
receio algumas vezes. receio não conseguir pôr um pé à frente do outro. receio tombar.
como uma criança, penso.
o tilintar das moedas no chão anima-me.
alço-me e perscruto o sol.
já depois da curva.
um raio. dois raios.
o teu sorriso.
continuo a correr.

damien rice's «delicate» (mais meu)

we might kiss when we are alone
when nobody's watching
we might take it home.
we might make out when nobody's there
it's not that we're scared
it's just that it's delicate.


we might live like never before
when there's nothing to give
well how can we ask for more?
we might make love in some sacred place
the look on your face is delicate.

Sunday, June 03, 2007

o baile

a noite de sexta-feira passada foi genial. e memorável. o baile dos finalistas da minha faculdade, 5 anos projectados e comprimidos numa noite-glamour, de vestidos acetinados, gravatas coloridas, penteados que traíam as mãos de um profissional e, ok, um par de suspensórios (que insisti em chamar de supositórios toda a noite!). quando o jantar (quase) se transformou em festa pagã foi quando soube melhor. todos se conheciam, e a dança era a expressão natural de uma felicidade nostálgica, daquelas tristezas que sabem mesmo bem! obrigado à carla costa, que tornou a noite possível, incansavelmente não se contentando e a todos que a tornaram real, bem real.
orgasmo, orgia, é só psicologia! na cama, no chão, psicologia dá tesão! ah, pois é.......

8 palavras sobre possibilidades que se adivinham.

para lá da curva, o sol já nasceu.