a mão e o peão.

Wednesday, February 28, 2007

só é pena não vir o antony também.

depois de vos brindar com três pérolas da minha adolescência tortuosa, an announcement is 'bout to be made. 14 de abril é O dia: CocoRosie na aula magna.

"A Aula Magna recebe no próximo dia 14 de Abril um concerto único. As irmãs CocoRosie estreiam-se em Portugal com o seu mais recente álbum “The Adventure of Ghosthorse & Stillborn”. O novo trabalho das artistas parte de uma névoa obscura para um estudo de exploração pessoal. Umas partes são sonhadas e outras selvagens, assim como numa ópera, a morte representa um paraíso secreto. Todo o disco parece representar um diamante perdido na neve. CocoRosie é um duo americano formado pelas irmãs Sierra Rose Casady e Bianca Leilani Casady. A sua música invulgar, uma mistura de indie rock com indie eletrónico e "dream pop", promete surpreender."
ai ai ai, mal posso esperar!

cocorosie - noah's ark

vinil

eu sou uma agulha de vinil emperrada
que empresta ao ar o som sulfúrico
das agulhas que não sabem que canção ler.

eu num quarto pintado de preto com pontinhos azuis à roda da minha cabeça tombada

estrelas azuis
orbitam tão calmas
around my head
eu sou o sol
elas são os meus satélites

os segundos tocam
como nas bombas
tic tac tic tac

adoro os dígitos vermelhos
como no relógio do quarto do meu pai

e quando os segundos acabam
as estrelas azuis explodem
em raias estriadas
como nuns pisa-papéis que vi
e é como se se espalhasse energia,

os satélites rebentam
e é como na terra
os seus restos caem em mim
e são absorvidos pelo meu espectro
e acabou.

que merda de poema.
outubro, 2004

o aborto

foram milhões de anos
de uma gestação difícil
conturbada por muitas guerras e muito sangue
muitos cortes rápidos e definitivos
de muitas árvores da vida
foram grutas natas
e construções inauditas
fogo papel e roda
os filhos dos filhos
os barcos os poemas as tintas o vidro
foram passagens de século
vincadas por abraços e beijos
foram berços abertos às sementes do céu
e berços fechados com o estrume da terra
ciclos que nunca serão completos
e agora
neste segundo em que lêem segundo
o presente
esse execrável presente que se fecha em si mesmo
vem
e diz-nos que abortou
o futuro já não vai ser parido.

abril, 2003


desinspiração

desde a última vez que escrevi no meu cantinho, já brinquei ao entrudo (e que brincadeira!), já fui a barcelona e já vi porque o forest whitaker ganhou o oscar de melhor actor num papel principal. ah, e também já fiz 22 anos. de momento, estou desinspirado, embora a viagem me tenha feito muito bem e as perspectivas para este semestre sejam as melhores: muito trabalho e muito interessante.
espero voltar em breve, com mais alguma das minhas brilhantes crónicas, ou um acutilante comentário ou, muito mais provavelmente, um desinteressante fait-divers. até lá, um bem-haja aos milhares que diariamente me visitam e desesperam com a ausência de um novo post. i love you too.

Thursday, February 15, 2007

esperándome

me esperas, no? es que, solo de imaginarme en tus calles, en mis calles, me pongo nervioso. como si fuera a echarle un abrazo gutural a mi amor lejano. la cita está pal 22 de febrero. ahí me tendrás.

14

programa do dia dos namorados:
de tarde, fui, com a nô, à exposição Ingenuidades - Fotografia e Engenharia 1846-2006, na Fundação Calouste Gulbenkian. não pagando nada (viva o estudantismo), vimos fotografias fantásticas (entre algumas de máquinas e maquinetas que não seduziram), destacando-se uma em fish eye do porto de sidney e outra de um dragão-barbudo, em meio a uma estrada de asfalto com uma tempestade por cima. a não perder, in fatti.
à noite, depois de umas horas a ler o livro abaixo citado nos sofás amarelos da fnac do chiado, vi breaking and entering do inglês anthony minghella, com o inglês jude law, a francesa juliette binoche e as americanas robin wright penn e vera farmiga. apesar de o título sugerir um filme de ladrões e assaltos (e, de facto, a metáfora envolve-o), vai muito mais longe, relatando o efeito que uma situação de assalto e o que ela despoleta tem num homem que se sente out of the circle na sua família (nas palavras do próprio personagem). uma história profunda, cheia de nuances e bastante elegante, como é apanágio do criador the the talented mr. ripley, um dos filmes mais subtilmente sedutores dos anos 90. ide e vede por vós próprios.
e assim se passou o dia... qual dia? ah, o dos namorados!

Tuesday, February 13, 2007

como é que eu nunca pensei nisto?

tenho andado entusiasmado com a possibilidade de fazer o curso de guionismo da NextART. mas, uma vez que o meu pai não partilha do meu entusiasmo, vou ter de deixá-lo para o próximo ano lectivo, altura em que, com o dinheiro que, espero, ganharei a trabalhar no verão (pela primeira vez) possa pagá-lo eu próprio. entretanto, fui almoçar à FCSH, com a vanessa, e, numa feira do livro usado, encontrei "da criação ao guião - a arte de escrever para cinema e televisão" de doc comparato, que adquiri por uns modestos 5 euros e que comecei a ler, ontem à noite, avidamente. nele descobri que a arte da escrita também tem alguma ciência e que se pode fragmentar um projecto de escrita em etapas progressivamente mais abrangentes. a minha parca inteligência não me tinha deixado, ainda, antever o potencial de isolar uma ideia, decompô-la e, com calma, ir aumentando o foco que se lhe põe, aumentando a complexidade, passando de uma simples story-line que permite delinear um curso de acção a uma sinopse, mais complexa e onde as personagens se instalarão, depois a uma estrutura, que envolve a decomposição em cenas para se passar, finalmente, ao guião pronto-a-rever, onde o tempo dramático já está incluído. isto a quem costuma escrever o que lhe vem à cabeça, sem ordem nem projecto (às vezes, até, sem finalidade) é uma descoberta revolucionária. digna de um eureka!

Monday, February 05, 2007

jazz gig

chegou e sentou-se a uma mesa redonda. cruzou as pernas e, instantaneamente, começou a abanar os pés aos ritmos quentes que se desprendiam do palco. da voz que trepava as paredes do bar e se colava em tudo o que mexesse, sedutoramente. uma sanduíche de salmão fumado e um copo alto de vinho tinto. um olhar em volta bastou para que se apercebesse que ninguém ali lhe despertava a atenção; a partir daí pôde curtir o concerto sem essa pressão nefasta e irreprimível de ter que seduzir alguém. o acto da sedução animava-o e agastava-o em proporções iguais: ao mesmo tempo que não se conseguia coibir de destilar charme e interesse obscuro por alguém que visse, achava-o desnecessário e até, ligeiramente, obsceno. ele sonhava com o dia em que (como num passe da mais pura magia humana), sem esforço ou desconforto, uma ligação natural despontaria, sem a mais ínfima ponta de insalubridade, os afectos se instalassem inapelavelmente.
por enquanto, limitou-se a apreciar o som que lhe martelava, suave, os ouvidos. como uma sedução unilateral - e segura.

Saturday, February 03, 2007

forever more

what if i drown in this sea of devotion?
just a stone left unturned
my need is deep
wide endless oceans
feel it furious
the fire burns on.

let there be love
everlasting
and it will live eternally
will we receive without ever asking?
i'm just curious.

got to find me somebody
but there's nobody to love me
and it's driving me crazy
there's nobody to love me

somebody tell me
how could there be nobody to love me
and it's driving me crazy
there's nobody to love me

endless tears
forever joy
to feel most every feeling
forever more

don't want to see me crying
just want to see me flying
i need to get so high and
want somebody to blow my mind

don't want to see me crying
just want to see me flying
i need to get so high and
why don't you blow my mind?

got to find me somebody
but there's nobody to love me.

somebody to hold my hand
someone who understands
somebody to help me write
the poetry of life. someone to love me.

Thursday, February 01, 2007

yann tiersen on tour

yann tiersen nasceu em brest, a 23 de junho de 1970. o seu primeiro disco, la valse des monstres, data de 1995 mas os verdadeiros êxitos internacionais aconteceram, primeiro, com a banda sonora de le fabuleux destin d'amélie poulain (2001) e, depois, com a banda sonora de goodbye, lenin! (2003). o seu álbum de 2005, les retrouvailles, apresenta colaborações com stuart staples, dos tindersticks, jane birkin, elizabeth fraser, ex-cocteau twins, e de gackt, uma artista japonesa. as suas actuações ao vivo variam imenso: por vezes, apresenta-se com uma orquestra e vários outros artistas; noutras, mais minimalistas, faz-se, apenas, acompanhar por um baterista e um guitarrista, alternando entre o piano, o violino, o acordeão e a guitarra, numa versatilidade impressionante.
lisboa vai ter a oportunidade de ver, precisamente, isso, no dia 7 de março, na aula magna. et voilà!

yann tiersen - monochrome