past waters
hoje, tenho trabalho a fazer. dentro de mim, há pontas soltas que nunca se atarão, umas quantas folhas dispersas, à espera de uma gaveta onde fiquem empilhadas.
preciso falar-te. preciso dizer-te e fazer-te saber. não quero que te vás embora sem a certeza do que sinto por ti (não esta banalidade das palavras 'do que sinto por ti'. estas palavras que são aquelas que todos dizem, não são essas que digo, são outras, com o mesmo som, os mesmo grafemas e os mesmos fonemas, mas tão mais elas: ora, ouve lá: 'do que sinto por ti'). não quero ficar a pensar nas inúmeras hipóteses do que podes levar contigo e do que podes deixar comigo. não quero corroer-me a pensar que sou uma merda, porque sou, e ainda mais porque pondero a possibilidade infame de que tu possas gostar de mim (de novo, lê-as como se nunca as tivesses ouvido). quero as coisas estabelecidas, assentes e claras. e, no entanto.
o pó da estrada já acamou, depois de passarem as rodas do teu carro. outra cidade te espera, outras pontes e outros laços. eu fui alguma coisa? lembrar-me-ás, sequer, daqui a dois anos, quando estiveres a contar a tua vida sexual a alguém, num género de soirée confessional?
ou serei a luz dos teus olhos? aposto que tremes, agora, que conduzes, ao recordar os meus lábios depostos no teu pescoço. aposto que tremes, malander.
entretanto, eu vou-me tornando cada vez mais pesado. a cada manhã. em cada instante, numa aula, no metro, andando na rua, quando olho para dentro, vejo-te a ti. a rejeição dói comó caralho. apanho-me a nem sequer querer ter-te conhecido.
3 Comments:
:(
"A rejeição dói comó caralho". Dói. MAs os amores impossiveis, sem rejeição, doiem muito muito mais!
Força NISSO! Aquele abraço!
o espaço e o tempo são a melhor cura.
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