a tallinn
num arrepio de curiosidade
transponho os portões de viru.
o sol acabou de nascer
num ano qualquer do século XIII
e eu estou lá.
cidade de Histórias
de amores furtivos que se adivinham nos becos
de amores românticos e estilizados,
simples. e voláteis.
as calçadas que piso
que os burros pisam
numa pressa que não é a deles,
serviram de rio a quantas senhoritas, de pés pequenos e firmes,
que corriam com recados de moços sóbrios,
para damas de pés frágeis que os aguardavam, em êxtase?
para quantos mercadores, de portos longínquos,
foram elas suporte de especiarias e tecidos exóticos?
para quantos jograis, de encarnado e amarelo,
foram palco, onde os malabarismos desmoronavam,
onde as notas de uma canção medieval
ressoavam e se reinventavam?
para quantos reis, imperadores e czares,
foram elas campo de batalha, terra conquistada,
promessa de ouro, e beleza do norte?
para quantos anónimos, a quem elas pertenciam mais do que tudo,
foram última queda, cemitério?
em tempos de erotismo, do diabo, de alquimias e fogueiras,
estas torres, do alto delas, quem viu o quê?
perco-me, e o sol já se põe.
quantas vezes se pôs o sol em Tallinn, e quantas pessoas,
vestidas de que maneira, o olharam como eu olho,
pensando o mesmo que eu penso, agora?
setembro de 2004
3 Comments:
Muito, muito Lindo!!! Gostei bastante, gostei imenso!!! Parabéns! :D
Bela forma de recolher e guardar memórias!
Tallinn, que já foi uma das grandes e poderosas Cidades Hanseáticas! Espero que tenhas adorado a viagem!
Abraço! :-)
Contigo pisei cada pedra de calçada! Contigo cheirei todos os aromas presentes! Contigo fiz esta viagem, que espero ser o início de uma descoberta sem fim! (Oh gosh! Esta saíu-me das profundezas!!) ;)
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