suckin' on my titties, like you wanted me, callin' me all the time...
terça-feira, paradise garage, alcântara: peaches. depois de, num solavanco, me ter sentado ao colo duma senhora no eléctrico, fomos (eu e a anita) à procura de um estabelecimento que servisse uma comidinha. o ambiente das ruas e a luminosidade decrescente não convidavam a grandes incursões e ficámo-nos mesmo pela marisqueira que ficava mesmo ao pé do paradise. um prego e uma imperial. a marisqueira começava a encher-se de pessoal de aspecto alternativo. não nos parecendo que aquela fosse a clientela habitual da marisqueira (havia um empregado que chamava todas as atenções: de baixa estatura, bigodinho hirsuto e cabelo dividido num risco ao meio atabalhoado, tipo bigode-de-morsa... simplesmente, imperdível!), chegámos à conclusão que toda aquela gente havia vindo para o concerto (sim, somos mesmo perspicazes. mas mesmo, mesmo!). faltava uma meia hora e fomos ter com a diana à entrada - umas piadas, as mesmas, que mantêm a sua capacidade cómica, pelo simples facto de estarmos os três. entrámos. todas as pessoas que já tinham entrado estavam encostadas aos balcões laterais. obviamente, fomos logo encostar-nos à grade e, assim, ganhámos um poiso priviligiado, para ver de perto as ordinarices da pêssegos. entretanto, começava a amontoar-se gente por detrás de nós. um rapazinho, decerto na sua inocência, achou por bem roçar incessantemente o seu órgão nos glúteos da anita, enquanto me dava cotoveladas (percebem a técnica? seduz-se a fêmea e, ao mesmo tempo, afasta-se o macho rival). fez a primeira parte do concerto, uma senhora que, à primeira vista, nos pareceu a alexandra solnado (sim, aquela que fala com jesus cristo), mas depois abriu a boca e percebemos que o chalamento que a afligia era de outra índole (não deixando, por isso, de ser menos grave). adiante. a senhora até tinha uma voz bonita, uns agudos muito afinados e melodiosos, e umas canções que, depois de se estranharem, entranhavam-se. mudando de chapéu amiúde (não tão amiúde quanto a britney spears muda de roupa, no entanto), cada um mais estranho e menos funcional que o outro, fez parte do concerto em cima duma cadeira branca (toda ela vestida de branco), alisava vezes sem conta a franja contra a testa e disse que lisboa era a sua cidade preferida. o pessoal já estava todo em pulgas pela peaches. acabou o concerto da senhora (cujo nome, vergonhosamente, não me lembro - vaias...) e passaram umas músicas animadas, no intento de aquecer as gentes (o shake your groove thing «partiu o plhit u»!). eis senão quando, essa grande chaladona aparece em cima do balcão do lado esquerdo como quem olha para o palco e direito como quem olha dele (e isto é bastante importante), cantando o «tent», com o chapéu com que aparece na capa do seu novo cd, «impeach my bush». daí, partiu para o palco e foi all hill-up from there! a sua banda: um rapaz de aspecto meio efeminado, meio másculo (parecia o del marquis dos scissor sisters), na guitarra ou no baixo (nunca sei), uma moça que mais parecia um gandulo de banda desenhada, na guitarra ou no baixo (consoante o instrumento do anterior) e uma gaja tipo blondie (platinada, de pálpebras azul-turquesa), na bateria. começaram por canções mais rock, em que as guitarras eléctricas faziam estremecer o estaminé e passaram depois para uma onda mais electro, em que as guitarras foram substituídas pelos órgãos. pelo meio, passaram canções com títulos tão sugestivos como «hit it», «lovertits» - grande momento, «shake yer dix» - em que o pedido foi: i wanne see you all shaking those dicks!, «slippery dix», «i u she» ou «stick it to the pimp». entretanto, a anita quase se envolvia numa disputa pacífica (ou nem tanto) por um concerto calmo, sem encontrões e sem ter uma gaja estúpida de cabelo vermelho (que, sem qualquer relação com a contenda, lhe ficava horrivelmente mal) a bater palmas ao seu ouvido. felizmente, a peaches atraía bem mais as atenções e a querela ficou-se por uns olhares intimidantes (que resultaram). a peaches ia-se despindo, subiu para a grade (uma miúda, que devia ser fãzíssima, entrou em histerismo e tocou-lhe em todo o lado que agarrou), trouxe um enorme caralho de plástico para o palco e ia dizendo uns obrigados. depois de «fuck the pain away» (suckin' on my titties like you wanted me, callin' me all the time like blondie, check out my chrissy behind: it's fine all of the time like sex on the beaches. what else is in the teaches of peaches? uhh! what?...) - brutalíssima, veio aquela altura em que temos de gritar muito alto para eles voltarem ao palco, quando já sabemos, de antemão, que eles voltarão anyway, porque faz parte do alinhamento. entrámos no auge quando soou o «operate», já no encore - ela, de botas prateadas, até à coxa, com uns saltos de vinte centímetros, a abrir as pernas tipo marlene dietrich no «anjo azul». com uma energia vibrante e batidas óptimas, foi quase impossível não nos mexermos (embora a moça ao meu lado parecesse estar num concerto de rita guerra, tal foi a sua inércia). no fim, ainda consegui estender a mão e ficar com uma folha do alinhamento :).
o acontecimento da noite, no entanto, teve lugar na fila do bengaleiro, que estava enorme e só tinha uma rapariga a atender (por sinal, muito pouco lesta). pois que já estava eu encostado ao balcão, a ser atendido a qualquer momento, quando uma moça vem por trás e, completamente fora da fila, me toca o ombro e, com o papel esticado, me pede: «podes pedir para mim?». ora eu, que não poderia ser mais panhonha, nessa altura, naturalmente sob inspiração divina, respondi-lhe um retumbante não! ela perguntou porquê e eu, não contente com o não, ainda lhe disse: porque há uma fila e pessoas à espera! agora, vocês que me conhecem, digam lá se isto não foi a revelação do ano?! tenho dito.
no eléctrico para o cais, ainda houve tempo para uma sessão de peep-show mesmo nas barbas do senhor operador (um outro senhor que lá estava, a menos de um metro das artistas - anita e diana, em êxtase, atreveu-se a proferir: isto é uma vergonha! se não fosse tão foleiro, escreveria aqui um lol). bem, o resto da noite foi num barzinho mal decorado do bairro alto, com helena, la madrileña, e três rapazes amigos dela, simpáticos e conversadores, dois deles conhecia já de vista: actores do grupo de teatro do técnico. a diana explicou 67 vezes a sua aventura num expresso que vinha de bragança (o leitor já terá, com certeza, ouvido) e a noite acabou no jamaica, numa noite de reggae muito manhosa. mentira... a noite acabou de manhã, em casa da helena, a comer salada de massa fria (óptima), à espera que o metro abrisse.
em novembro, há nouvelle vague, no paradise garage. bora?
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