a mão e o peão.

Tuesday, September 12, 2006

o turista

não tenho raízes,
e o vento leva-me aonde queira.
não tenho laços, só a vontade me move.
não tenho dor, nem remorso.
o passado está morto, não olho para trás.
olho, contudo, para o que persiste:
as pessoas que riem nas ruas, e tropeçam e caem;
as casas que são passado, as casas que são futuro,
as casas, as igrejas, as varandas, as égides.
escrevo uma ode a uma mulher bonita, ou a um gato num degrau,
guardo-a no fundo de uma gaveta. para sempre.
hotéis que passam, luzes que se acendem e apagam,
homens que passam, olhares que se desviam, corpos que se descobrem.
eu aprendo.
tudo passa, eu vou fazendo turismo de vida em vida.

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