to tolerate or not to tolerate.
um assunto que sempre me deu bastante que pensar foi o da tolerância. obviamente, não se deseja a tolerância completa, ao extremo a indiferença ou a anarquia: há limites para essa tolerância, creio estarem onde a nossa liberdade invade a do outro. mas dever-se-á impor essa barreira em estrita relação aos actos, ou, também, às ideologias? é crime - no nosso país e, suponho, noutros, também - defender e propagar ideologias de cariz nazi, ou fascista. mas será que, quando essas ideologias não se concretizam em actos de discriminação ou violência, se pode, eticamente, condená-las? não digo de um ponto de vista humano, como, sem dúvida, são condenáveis, mas de um ponto de vista legal. porque é como a história da pedofilia. ou semelhante. uma pessoa cujas fantasias sexuais se dirigem somente a crianças pode fazer pouco para impedir esse desejo de lhe aflorar ao sangue. pode fazer muito para impedir esse desejo de aflorar ao sangue (e a outros pontos anatómicos menos metafóricos) dessas mesmas crianças. tenho para mim, mas isto é só teoria, sem qualquer confrontação com a situação, que o desejo em si não poderá ser castigado, patológico ou não, é tão franco com o desejo de qualquer pessoa por outra da sua idade, sexo oposto ou igual. é irreprimível e creio que todos sabemos bem o que isto significa. o acto, sim, é reprovável. abjecto, até. confesso que não me choca mais que uma "simples" violação a uma mulher adulta, o repúdio é igual. bastante.
voltando às ideologias. poderá a tolerância abarcar posições intolerantes, para com os outros (ou "alguns dos outros")? ou deverá traçar o limite antes disso? poder-se-á chamar tolerante àquele que condena a intolerância? pisando terreno político (no qual, eu sou a última pessoa a ter em conta), diria que é a fronteira que separa a democracia do que quer que se lhe opõe (totalitarismo?). poder-se-á falar em censura na democracia quando se boicotam acções de propaganda de ideologias nazi?
esta temática surgiu-me mais prementemente desde que li o blog de um cidadão defensor de um regime totalitário, que regulasse o que os habitantes pensassem e dissessem ("porque se diz muito neste país sem se saber do que se fala") no sentido de pensarem e dizerem melhor (suponho), muito pouco permeável a estrangeiros e, se possível, com um tarrafal onde se enfiassem "esses prevaricadores dos homossexuais". não vou citar o nome do referido blog por respeito a mim próprio, mas poderão ver reacções em devaneiosdesintericos.blogspot.com ou fishspeaker.blogspot.com. e eu penso: como poderemos "intolerar" a posição do referido cidadão quando, supostamente, o dizemos do alto do pedestal democrático? não estaremos a cair numa contradição desonrosa? não será melhor simplesmente ignorar semelhantes opiniões? calculo que sim. mas tentem lê-lo e resistir à tentação de deixar um comentário a insultar não só ele ou a mãe mas todas as trinta gerações que lhe antecederam e mais as que lhe sucederão. há coisas que, simplesmente, não se podem tolerar!
1 Comments:
«Mai nada»!!
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