a mão e o peão.

Sunday, May 20, 2007

pequeno autocarro

retomo a minha actividade bloguística com uma crítica (ou, vá lá, um comentário que sempre parece menos pretensioso) ao filme de john cameron mitchell, shortbus.
poder-se-á começar por dizer que foi classificado para m/18, o que se justifica, tendo em conta a quantidade de órgãos genitais masculinos e femininos, de fluidos e interacções sexuais a que se assiste nas menos de duas horas que dura. fui prevenido da suposta superficialidade do filme, de como o sexo era exposto e usado de forma gratuita para fazer passar mensagens cliché e lugares-comuns.
não foi o que vi. de facto, shortbus é um filme que, não sendo necessariamento sobre sexo (e isto é discutível), o utiliza e fala dele e, portanto, a inclusão de cenas explícitas pareceu-me aceitável e natural - em qualquer filme, mostra-se aquilo de que se fala. porque haverá o sexo de ser uma excepção? de ser considerado de mau gosto ou obsceno ou dispensável? adiante.
para além dessa questiúncula, resta o imenso potencial humano do filme. este potencial está nas imagens que se vê gravar, nas canções que se cantam, nas frustrações que se adivinham, nas lágrimas que se engolem e, também, nos risos e nas quecas que o não são menos.
tudo se passa numa nova york animada, colorida e multi-facetada.
e num bar que alberga os corpos e os espíritos mais liberais desta cidade, as personagens mais estranhas e, finalmente, tão semelhantes. em que os sexos se confundem e as diferenças se diluem. sim, é um ambiente perverso. sim, é um ambiente promíscuo. mas no final, o que me fica é que é, principalmente, um ambiente humano.


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