a mão e o peão.

Tuesday, November 21, 2006

tiago says...

porque é que quando olho para ti, parece que já conheço todas as dobras da tua pele, todas as rugas de expressão da tua cara, o jeito do teu nariz, as curvas do teu corpo, o sorriso que fazes a pessoas que acabaste de conhecer, o riso incontrolável de quando achas piada de mais a alguma coisa? parece que estou a ver as tuas unhas, o jeito com que arrancas as peles dos dedos, com que pintas as unhas e as deixas a secar na mão pendurada, como ajeitas o piercing da orelha, como ajeitas as saias, como penteias o cabelo, como alisas a franja, como me beijas, como abres os olhos quando tentas explicar uma coisa que para ti é mais do que óbvia, a interjeição que fazes quando tens de explicar as coisas mais do que uma vez, o tom que usas quando alguém de quem gostas muito não percebe uma coisa, como és carinhosa quando acordas nesses dias e como és bruta quando acordas noutros,


como choras, como abanas os pés, lado a lado, à dançarina de can-can, como escondes o riso com a mão, como te olhas nos espelhos de uma loja de roupa, como danças no lux, como seguras a cerveja quando andamos perdidos no bairro alto, como fumas e como seguras o cigarro, como falas tão bem inglês e francês, como imitas sotaques, como falas nas aulas com um tom sabedor e até ligeira (mas encantadoramente) arrogante, como olhas para mim... às vezes não sei o que pensas. se olhas para mim como quem olha para um espelho, ou para um irmão, ou para um amante, ou para um tolo, ou para uma obra de arte, ou para um desconhecido. contigo sinto coisas, até que amor se faz de distância, de raiva, de medo, de desilusão. a força do amor é essa: sobrevive.

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